SPOILER FREE
Com o lançamento da série previsto para 2019, eu não podia deixar passar
a oportunidade de reler a obra escrita a quatro mãos pelos mestres
ingleses Terry Pratchett e Neil Gaiman.
Belas Maldições foi lançado numa época (início dos anos 90) em que os dois autores ainda não
tinham alcançado o auge do seu sucesso. Terry Pratchett tinha lançado os
primeiros volumes da sua série Disc World, e Neil Gaiman ainda estava
construindo sua carreira de escritor. Mas, como eles mesmos contam nas
suas respectivas introduções do livro (que são textos maravilhosos à
parte, não compre uma edição sem eles), eles se tornaram amigos quando
Neil Gaiman ainda trabalhava como jornalista e foi entrevistar o autor
do recém lançado A Cor da Magia (primeiro livro de Terry Pratchett).
Depois de alguns anos de amizade, os dois começaram a trocar quase que
cartas sobre um conto sem final que Neil Gaiman havia começado a
escrever e enviou para Pratchett. A partir daí, ainda num mundo sem
emails (imagine isso), os dois começaram a trabalhar em conjunto no
manuscrito do que viria a se tornar o best seller Good Omens, ou Belas
Maldições em português. Sim, o livro sofre com a tradição de traduções
bizarras do Brasil. Mas as edições americanas, antes do lançamento da série de TV, conta com uma linda edição dupla (imagem aí em cima), que você pode escolher a capa de sua preferência.
Confesso que lembrava pouco da minha primeira leitura do livro, o que
não é de estranhar, pois li um volume emprestado de uma amiga (que me
fez jurar de pé junto que eu iria devolver, o que eu fiz, claro) na
tradução para o português, há mais de dez anos. Desde então, eu já
pensava em conseguir uma cópia no original para ler, o que demorou mais
do que eu imaginava porque o livro nunca, nunca, mas nunca mesmo, entra
em promoção na Amazon. Desisti e paguei o preço cheio, que, serei sincera,
nem era tão caro assim.
E valeu cada centavo e cada minuto gasto na releitura. Para quem gosta
de humor inglês, Queen (a banda), Terry Pratchett, Neil Gaiman e Lucifer
(a série de TV), o livro é um prato cheio. Não só os autores estão
afiadíssimos juntos, ao ponto de não ser possível identificar exatamente
quem contribuiu com o quê, como eles montaram um dos enredos mais
divertidos da literatura sarcástica inglesa.
Em tempo, Belas Maldições traz a história do Apocalipse, com o momento
em que um demônio que vive na Terra, Crowley (e tem um pacto com um
anjo, Aziraphale), recebe a missão de ajudar a colocar na família
correta o Anti Cristo. A explicação para o nome completo do livro, The Nice and Accurate Prophecies of Agnes Nutter, Witch (As Justas e Precisas Profecias de Agnes
Nutter, Bruxa), está no fato que todos os acontecimentos que se passam
no livro foram previstos pela tal da Agnes, mas ela era uma bruxa do
século XVII ou XVIII e não conseguia entender ou descrever boa parte do
que ela previa, além de não ter ideia da ordem das coisas. Os Cavaleiros
do Apocalipse são um show à parte, com atualizações simplesmente
maravilhosas para o mundo contemporâneo.
Tomara que eles atualizem só mais um pouquinho e mantenham a "trilha sonora original".
Preciso dizer que fiquei ainda mais ansiosa para o lançamento da série?
Além de ser produzida e escrita pelo próprio Neil Gaiman, a série conta com um excelente elenco:
David Tennant, Michael Sheen, Jon Hamm, Anna Maxwell Martin, Josie
Lawrence, Adria Arjona, Michael McKean, Jack Whitehall, Miranda
Richardson e Nick Offerman. A previsão é que seja lançada agora no dia
31 de maio, no Amazon Prime, e tenha seis episódios (espero que seja só
isso, nada de virar American Gods, por favor, Deusa da Mídia), que
depois deverão passar semanalmente na BBC.
Prontos para a contagem regressiva para o Apocalipse?
Nota 10!
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