SPOILER FREE
Mantendo o tema de junho do Desafio Literário Popoca, segui lendo livros de temática LGBT, e tentei dar preferência pelos young adults, para ver o que tem sido publicado para esse público. Acabei por escolher Pulp, que conta duas histórias em épocas diferentes sobre mulheres jovens lésbicas, lançado em 2018 e ainda sem tradução para o português.
A autora Robin Talley se dispôs a retratar uma jovem em 2017 (durante o governo Trump) descobrindo a literatura lésbica dos anos 60, conhecida hoje por Pulp. E para isso ela conta não só a história atual de Abby, que decide fazer seu projeto final da escola sobre esse estilo literário, mas também de Janet Jones, uma jovem que em 1955 descobre que é lésbica ao ler um livro proibido.
Confesso que posterguei muito escrever essa resenha porque a premissa do livro é muito legal, e eu aprendi muito sobre a história do movimento LGBT nos EUA e sobre literatura Pulp. Tudo o que envolve essa parte do enredo no livro de Robin Talley é simplesmente sensacional.
Meu problema está com as personagens atuais, Abby e seu grupo super mega diverso. Gente, que personagens insuportáveis. Especialmente a narradora Abby, que está numa fase complicada porque se recusa a lidar com o iminente e óbvio divórcio dos pais, e para não ter que lidar com isso desenvolve uma fixação nada saudável, extremamente chata e repetitiva, com o livro escrito por Janet Jones. Quando eu digo repetitiva quero dizer que há literalmente diversos parágrafos e frases idênticas ao longo do livro.
Se o livro não contasse duas histórias ao mesmo tempo talvez o drama de Abby fosse mais emocionante ou pelo menos mais fácil de se simpatizar. Mas ao comparar com o que Janet Jones e outras lésbicas passaram nos anos 50 e 60, como Pulp acaba fazendo, o enredo de 2017 simplesmente perde o brilho e parece uma grande tempestade em copo d'água. Abby e seus amigos parecem grandes privilegiados que reclamam de coisas que não fazem muito sentido. Rola um desequilíbrio muito grande no livro nesse sentido.
O resultado é que metade do livro é muito bom e metade do livro é muito ruim, eu fiquei com vontade de pular metade dos capítulos.
Na média, nota 5.
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