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sábado, 31 de julho de 2021

Melhores Poemas Cora Coralina


SPOILER FREE

Aproveitando o mês do tema do Desafio Literário Popoca de julho, poesia, resolvi finalmente ler meu primeiro livro da poetisa brasileira Cora Coralina. Sim, confesso que nunca tinha lido nada da goiana que ascendeu ao estrelato literário aos 76 anos, apesar de escrever desde jovem.

Só a história de Cora Coralina já é algo digno de livro e filme, mas, como boa poetisa, ela conseguiu imortalizar parte da sua jornada em seus poemas. E esses foram os meus preferidos dessa edição da editora Global Pocket organizado por sua conterrânea Darcy França Denófrio. A coleção inclui diversos poemas de seus consagrados livros Poemas dos becos de Goiás, Meu livro de cordel e Vintém de cobre.

Cora Coralina nasceu em 1889 em Goiás, em uma família que havia sido rica mas estava no processo de perder sua fortuna, sendo ela a filha caçula e com o pai morrendo quando ainda era muito criança, Cora (que é um pseudônimo para Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas) teve uma infância difícil e relativamente pobre. Apesar de se enveredar desde cedo pelas letras, os relatos dizem que ela cursou entre 2 e 4 anos da escola primária apenas. Se envolveu desde cedo com o meio literário goiano, mas só veio publicar um livro seu em 1965, quando já era viúva.

Cora é um retrato da vida feminina da sua época, quando criança era trancada em casa por ser menina e não deram lá muito estímulo para ela estudar. Mais tarde quando casou, parou tudo o que amava e se  dedicou 100% à família, chegando a virar doceira após a morte do marido para sustentar a família, e só saiu das sombras quando era uma venerável senhora. Mas saiu com vontade, revisitando a fundo a sua infância e aproveitando para mostrar todo o horror dela.

Além da infância, que é um tema importante na sua obra, Cora Coralina escreve muito sobre sua terra natal, o que é interessante para quem não está acostumado com obras tão ricas sobre o interior do Brasil pré Brasília. E o mais interessante é ver histórias tão antigas, de um tempo que parece tão longínquo sendo contada em forma de verso coloquial e bem moderno. Porque claro que a poetisa fez sucesso não só pelos temas e idade avançada, e sim pela qualidade, força, honestidade e inovação da sua escrita.

Dito tudo isso, gostei da coletânea, mas, não fiquei arrebatada. Gostei especialmente dos poemas estilo Aninha da autora (os autobiográficos da infância), mas nem todos os outros me marcaram. Por vezes, confesso que achei um tanto quanto repetitivo, e nem sempre o estilo modernoso da sua escrita me agrada. Mas, sei que isso é uma questão minha e não da autora.

Ainda assim recomendo muitíssimo ler sua obra. E se ficar na dúvida do que ler primeiro, pegue uma coletânea como eu fiz. Vale a pena.

Nota 8,5.

domingo, 18 de julho de 2021

Fangirl


 

SPOILER FREE

Depois de ler dois livros bem diferentes da autora americana Rainbow Rowell, eu finalmente tirei da estante um dos seus best sellers! Bom, de forma geral, tudo que ela escreve vira best seller, mas esse foi dos primeiros que ela publicou, e o único que gerou um spinoff e uma versão em mangá.

Fangirl, que tem o mesmo título em português, conta a história de Cath, uma jovem extremamente tímida, que sofre de ansiedade, e que está entrando na faculdade com sua irmã gêmea Wren. As duas são tão iguais quanto são diferentes, e Cath pela primeira vez vai dividir um quarto com alguém que não sua irmã. Um dos traços mais marcantes de Cath é que ela escreve fanfiction de Simon Snow, que é algo que parece uma paródia maravilhosa de Harry Potter (para quem vive em outro planeta, fanfiction são versões alternativas de determinadas histórias ou mundos de fantasia de obras de sucesso, experimente por sua conta e risco ler). 


Esse pedaço do enredo é extremamente importante, e fez tanto sucesso que o spinoff de Fangirl se chama Carry On, o nome da fanfic de Cath, e já tem um três volumes lançados (Carry On, Wayward Son / O filho rebelde e Any way the wind blows / Venha o que vier). Eles já estão na minha pilha eternamente crescente de livros para ler.

Eu sinceramente não sei se gostei mais da história principal, com Cath, sua inesquecível colega de quarto Reagan e o seu namorado Levi, e sua a irmã Wren, ou se gostei mais dos textos que entremeiam os capítulos principais com pedaços dos textos "originais" de Simon Snow e a fanfic Carry On. Os dois são extremamente divertidos, e absurdamente fofos.

 

O drama de Cath é bastante centrado na sua dificuldade com lidar com pessoas, mas, não se limita a isso, o que dá uma dinâmica interessante ao livro. Além disso, tem toda a questão de se tornar independente, descobrir o que quer fazer da vida na universidade, lidar com seu pai que tem problemas psiquiátricos, a irmã querendo testar limites e sua mãe que abandonou a família. Enfim, coisas da vida e que fazem parte do processo de crescer.

Mas Cath também precisa aprender que não precisa lidar com nada disso sozinha. E apesar da sua dificuldade inerente com relacionamentos, eles são o ponto alto do livro de Rainbow Rowell. Juro que procurei outras descrições, mas fofo continua sendo o melhor adjetivo.


Não é a toa que fez tanto sucesso e que anos depois do lançamento está virando mangá. Os personagens são muito originais e humanos, e trazem para o enredo a importância das histórias para as pessoas, seja em forma de livro, seja em forma de filme ou audiolivro. As histórias são uma das melhores ferramentas para desenvolver uma habilidade extremamente importante: a empatia.

Para variar, Rainbow Rowell acertou em cheio, de novo.

Nota 10.

domingo, 11 de julho de 2021

The Honey-Don't List


 

SPOILER FREE

A dupla de autoras Christina Lauren é uma máquina de produzir livros. Em pouco tempo as irmãs lançaram vários títulos de comédias românticas, é até difícil de acompanhar. Além disso, ou por causa disso, a qualidade do seu material varia.

Pessoalmente tive uma boa experiência com Josh and Hazel, mas com Twice in a blue moon já não foi tão interessante. Então, demorei um pouco a me animar a ler novamente algo delas. Com a pandemia, leituras mais leves têm sido meu prato literário principal, e por isso The Honey Don't List pulou a fila de livros pra ler.

Dessa vez, as autoras trazem a história de dois casais, um já formado e casado há anos e que estão numa crescente de sucesso profissional, Melissa e Rusty Tripp, e seus assistentes Carey e James. Mel e Rusty fazem sucesso com um show de design de interiores, onde ela faz as redecorações dos ambientes e ele é o carpinteiro / mestre de obras. Nas telas eles formam um casal perfeito, duas metades que se completam, e estão se preparando para lançar um livro sobre como manter a paixão no casamento.

Carey é uma jovem que, na verdade, começou a trabalhar para os Tripp antes mesmo deles fazerem sucesso, e, por conta disso, tem um relacionamento complicado com o casal. Oficialmente, ela é assistente da Melissa, mas, por baixo dos panos, ela faz muito mais do que é creditada. Enquanto James é um engenheiro tentando dar uma reviravolta em sua carreira após sua antiga firma ser envolvida num grande escândalo empresarial, só que apesar de ter sido contratado como engenheiro, acaba tendo que fazer trabalho de assistente de Rusty.

Claro que Mel e Rusty na verdade são muito diferentes daquilo que eles transparecem na TV, e por conta da última briga épica do casal, Carey e James acabam tendo que fazer trabalho de babá dos dois durante a turnê de lançamento do livro, o que abre a oportunidade de finalmente se conhecerem.

O livro, como dá para perceber, tem seus clichês, mas, ele também tem questões bastante originais no meio do mais do mesmo, o que é um tanto quanto inevitável quando falamos de comédias românticas. Mas, para mim, sua melhor qualidade é o humor. A forma como Christina Lauren descreve as situações é extremamente divertida, e minha leitura precisou ser interrompida diversas vezes para gargalhar em voz alta. Pelo menos não passei vergonha no metrô porque continuo em teletrabalho, graças aos deuses.

O mesmo enredo poderia ser apenas uma sucessão de clichês, ou poderia ser apenas drama seguido de drama, mas as autoras fazem da história uma grande sequência de piadas e situações divertidas. E elas conseguem fazer isso bem, acho que é o livro mais engraçado que li até o momento esse ano. E, considerando as situações abusivas bizarras, Christina Lauren acertou em cheio. E por isso The Honey Don't List é um livro tão original.

É um livro perfeito? Não. Mas vale cada minuto gasto na leitura.

Nota 9.

Regresso a casa


SPOILER FREE

O Desafio Literário Popoca de julho tem um tema um tanto polêmico, poesia! Eu digo polêmico porque poesia é um tema muitas vezes visto com algum preconceito, e eu vejo com frequência uma relação de amor ou ódio dos leitores com poesia.

Particularmente eu amo poesia, e acho que aqueles que não gostam simplesmente não foram bem apresentados a esse estilo. Só acredito que alguém realmente deteste poesia se a mesma pessoa também detestar música, porque as duas artes são irmãs gêmeas. Se você gosta de música, você gosta de poesia, simples assim, e como qualquer estilo literário, é uma questão de encontrar as poesias e autores do seu agrado. Que nem música.

Também já ouvi muita história de gente que tentou gostar de poesia, mas afirma que não conseguiu. E nessas histórias eu vejo um dos equívocos mais comuns com relação a esse estilo, que é achar que funciona igual a romance. Não é igual. Livro de poesia não é para ser lido que nem romance, de uma sentada só ou com aquela fome de saber o que vai acontecer no próximo capítulo. Livros de poesia não têm aquela vibe de início, meio e fim, ou pelo menos, a maioria não tem, os que são assim são a exceção, não a regra.

Antes da pandemia, eu estava lendo poesia com frequência, e da forma que particularmente acho a mais agradável para o estilo: todo dia eu lia uma poesia de um livro diferente. Uma poesia. Se ficasse muito animada, eu lia duas. Mas por que isso? Porque cada poesia é como se fosse uma obra literária completa, e ler várias em sequência muitas vezes tira o impacto que a poesia deveria ter, o leitor perde o tempo que seria necessário para absorver e admirar aquela poesia em específico. Por isso que eu digo que poesia não é romance e não deve ser tratado igual.

Com a pandemia, eu perdi o hábito de ler diariamente poesia, por conta, bom, de tudo. Então, o tema foi muito bem vindo, e para sair da minha seca poética escolhi um autor português que eu já conhecia o trabalho em poesia, José Luís Peixoto. Eu também já li um romance dele há muitos anos, e a experiência foi tão ruim que esqueci o nome dele e depois comprei um livro de poesia, que esse sim, amei de paixão. Desde então fico caçando seus livros de poesia.

Regresso a casa é o último lançamento do autor, escrito durante a quarentena em 2020 e publicado em 2021. E faz jus ao seu histórico de trabalhos poéticos maravilhosos anteriores. Tanto que já recebeu o prêmio Bertrand de livro do ano de poesia.

A coletânea inclui poesias escritas durante a quarentena, mas também tem poemas relacionados a viagens que o autor fez para locais ditos exóticos, como a China e Coreia do Norte (ele tem um livro sobre essa viagem, que estou doida para ler também). E independente do tema, José Luís Peixoto acerta na mão. O resultado é um livro de poesias bem equilibrado, e que cobre temas que são caros ao autor, como família e amor.

Particularmente, eu gostei especialmente dos poemas relacionados à quarentena, talvez porque ainda estou em uma. E achei interessante ter reconhecido um deles que o autor já havia publicado no Youtube, em abril de 2020. É diferente ler o poema e escutar o próprio autor declamando. Mas, é interessante porque abre novos significados, afinal, o interessante da poesia é justamente isso, cada leitura, cada um que declama, coloca novas conotações e pesos a cada parte do poema. É como escutar versões diferentes de uma mesma canção. Cada releitura tem um sabor único.

Uma merecida nota 10!

E ao invés de colocar uma poesia para dar um gostinho, deixarei o próprio autor apresentar seu trabalho:


segunda-feira, 5 de julho de 2021

Infinite Magic (Dragon's Gift: The Huntress #5)


SPOILER FREE

E finalmente cheguei no último livro da série The Huntress, a primeira série de Dragon's Gift, que pelo que descobri, tem pelo menos mais duas séries completas: The Seeker e The Protector, cada uma sobre uma das irmãs de Cass, nossa protagonista até o momento.

Se eu for resumir Infinite Magic em uma palavra, escolho apoteótico. É um final bem dramático, com batalhas de nível épico. E isso é uma das coisas que me deixou triste, porque coisas desse nível podem ser muito boas, e é triste ver isso ser desperdiçado.

Depois de 4 volumes que vão aumentando a curiosidade com relação ao enredo principal, o desfecho não só é cheio de buracos, como também não aproveita a potencialidade do que foi mostrado para o leitor até o momento. É um épico mé, com direito a decisões estúpidas e poucas explicações, provavelmente porque, primeiro, não tem como tampar todos os buracos, segundo, porque a autora fez mais duas séries e precisa sobrar mistério para elas.

O resultado é um enredo com boas ideias, mas feito de um jeito que passa a sensação de que Linsey Hall estava enrolando para esticar a história. E ainda por cima com os problemas que mencionei nas resenhas anteriores.

Apesar de já ter os primeiros volumes das séries seguintes, não me animo de ler, porque algo me diz que vou encontrar mais do mesmo, e depois de cinco livros assim, não tenho energia para encarar mais dez livros desses. Sim, a série toda tem 15 livros, 5 para cada irmã. Enrolação pouca é bobagem. Teria sido muito melhor fazer 5 livros sobre as três irmãs juntas, cada um com mais conteúdo.

Nota 4.

domingo, 4 de julho de 2021

Nona Casa - Ninth House (Alex Stern #1)


 

SPOILER FREE

Depois de me divertir com a série Grisha, que eu ainda não terminei os spin-offs por motivo de não ter todos os volumes, resolvi pegar um livro da autora Leigh Bardugo que eu achava que era um solo.

Por um lado, acho que escolhi super bem, pois, spoiler da resenha, é o melhor livro que já li até o momento da autora. Por outro lado, descobri que é o primeiro de uma série nova, e que, apesar de ter sido lançado em 2019, por motivos da série do Netflix, o volume seguinte não tem nem título nem data prevista de lançamento. Bardugo, você está devendo. Larga Grisha mulher, Alex Stern é muito melhor.

Mas voltando ao livro Nona Casa, como ficou a tradução da editora Planeta em português, Leigh Bardugo nos apresenta um enredo cheio de magia, sociedades secretas e a sua protagonista mais pé no chão até o momento. A história se passa na universidade de Yale (e a autora fez pesquisa de campo, olha que lindo) e traz Galaxy, isto é, Alex Stern, filha de uma mãe solo judia, que é capaz de ver fantasmas, e porque ninguém mais os vê ou acredita nela, acaba abandonando a escola e se envolvendo muito cedo com drogas.

Após ser a única sobrevivente num massacre num ponto de vendas, Alex é contatada pelo diretor da Nona Casa das sociedades secretas de Yale, que é responsável por controlar o que as demais sociedades estão fazendo para minimizar danos colaterais. Ela vira então Dante, nome do posto de aprendiz, e o universitário Darlington, ex-Dante, assume o posto de Virgílio (sim, referência direta aos círculos do inferno, lindo). 

Mas algo estranho está acontecendo com as casas das sociedades, Virgílio desaparece, e agora Alex, sem treinamento completo, precisa assumir tudo sozinha. E ainda precisa passar nas matérias da faculdade, para o qual ela também não tem preparo. Mas, se ela quiser sobreviver a esse período, ela vai precisar se virar e descobrir o quê ou quem está matando pelo campus.

O enredo se desenvolve a partir daí, num misto de magia, teorias da conspiração e trama estilo Agatha Christie, com doses pesadas de realidade com drogas, violência sexual, patriarcado, racismo e privilégio de classe. A história é contada do ponto de vista de Alex, que não é exatamente uma narradora confiável, mas que, conforme vai narrando também a sua própria história até ser levada para Yale, você se apaixona por ela.

Fazia tempo que eu não amava tanto uma protagonista como amei Alex Stern. E ela está longe de ser perfeita, mas isso é o que a torna tão interessante e comovente, e, o mais difícil, realista. Sua história e toda a confusão em torno das sociedades secretas é tão interessante e cheia de detalhes que eu até perdoo Leigh Bardugo por fazer uso do seu clichê de estimação. Sim, claro que Nona Casa tem aquele personagem que não é quem você imagina. 

Mas no meio de tanta reviravolta por conta dos mistérios em torno dos acontecimentos bizarros do primeiro ano de Alex em Yale, esse clichê fica até passável. E apesar do final aberto que a autora deixou para poder fazer uma continuação para a série (que eu já li em algum lugar que pode chegar a 5 volumes, deus dai-me paciência para esperar), o enredo principal desse livro termina, o que dá uma boa sensação de fechamento para o leitor.

Sinceramente, é o melhor livro que já li até agora da autora, e dentro do estilo young adult, é dos melhores que já li também. E isso não é pouca coisa, e quem me conhece, sabe que não digo de forma leviana. Vale muito a pena a leitura.

Bardugo, larga tudo e vai escrever!

Nota 10.

The Plastic Magician (The Paper Magician #4)

 


SPOILER FREE

Depois de ter lido a trilogia de Magia de Papel e querer jogar o kindle contra a parede durante a leitura do último volume, só peguei The Plastic Magician porque se passa no mesmo mundo, mas traz outra personagem principal. E o melhor, não tem continuação. Em tempo, o livro foi lançado em 2018 e ainda não tem tradução para o português, imagino que a culpa seja do pouco sucesso de Magia Suprema.

Apesar de ter sido um tiro no escuro, considerando o histórico da autora Charlie N. Holmberg nessa série, acho que foi uma decisão muito acertada. De todos os livros ligados à série Magia de Papel, a história de Alvie Brechenmacher é de longe a melhor, e The Plastic Magician é o meu volume favorito.

Dessa vez, a autora traz a história de uma menina do interior dos Estados Unidos que consegue passar nas avaliações para se tornar uma estudante de Magia. Filha de um industrial, fã de matemática e extremamente nerd para a época, além de fã de calças, Alvie é uma personagem simplesmente adorável.

Além de uma personagem principal fofíssima, The Plastic Magician traz um enredo em torno da ciência e da experimentação, e como esse tipo de corrida pelas novidades no mundo ainda a ser explorado da magia do plástico pode levar as pessoas à ganância extrema. Então, The Plastic Magician ainda tem um jeito mais para o mistério e espionagem industrial do que para a aventura pura e simples. 

Para não dizer que ele não tem ligação absolutamente nenhuma com os livros anteriores, a autora fez um uso bastante interessante dos personagens que conhecemos nos volumes de Magia de Papel. Mas o enredo ocorre em torno de personagens novos e que dão todo um colorido muito diferente. Além disso, somos apresentados à forma como a Magia é aceita em outros lugares do mundo, fora da mãe Inglaterra, e como ela convive com a industrialização.

Se eu soubesse, tinha pulado o terceiro livro e ido direto para esse, ou então nem teria lido a série anterior, porque a leitura não é necessária para gostar de The Plastic Magician.

Gostei tanto que voltei a me animar a ler outras coisas da autora, que é bastante prolífica e já tem várias outras séries na lista de best-sellers. Para as editoras, fica a dica de traduzir, para os leitores, vale o esforço no inglês.

Nota 9.

Magia Suprema - The Master Magician (The Paper Magician #3)


 

SPOILER FREE

Depois de um primeiro livro surpreendentemente fofo e interessante, um segundo livro que deixa bastante a desejar, a autora Charlie N. Holmberg termina sua trilogia The Paper Magician com Magia Suprema, como ficou o nome traduzido pela editora Passaporte no Brasil.

Apesar dos direitos comprados pela Disney, uma busca rápida mostra que o terceiro volume da série fez muito pouco sucesso, nem nas livrarias é muito fácil de encontrar, o que não é um bom sinal. O final da saga de Ceony se passa no final da sua aprendizagem com Thane, e ela está pronta para fazer seu teste final para ganhar o título de Maga de Papel.

O que ela esconde do seu mentor, é que ela tem realizado experiências com o que ela aprendeu no final do segundo livro, o que deixa a situação mais complicada quando Thane decide que Ceony vai fazer seu teste com outro Mago de Papel, para que ninguém possa questionar as suas habilidades. Isso porque o relacionamento dos dois já está um tanto quanto público.

E é aí que tudo começa a desandar no enredo de Magia Suprema. Além do clichê chatérrimo do relacionamento entre professor e aluna, que particularmente eu já não curto, não sei o que deu na cabeça da autora, mas Ceony está absolutamente insuportável. A forma como ela trata o outro Mago que vai aplicar o teste é de um desrespeito profundo para uma história que se passa no final do século XIX início do século XX, e, sinceramente, é muito gratuito. O outro cara tem problemas, mas nada que acontece justifica o que Ceony faz. Beira o absurdo.

Para piorar a situação, o único sobrevivente da gangue da vilã do primeiro livro foge da prisão, e mesmo sabendo que o cara não está atrás dela, nem da sua família, Ceony resolve que ela precisa saber onde ele está e que ela é a única que vai conseguir prendê-lo. Oi? Chamando da terra para Charlie e seus editores, não tinha uma desculpa melhor não, além de pura teimosia, pra fazer esse enredo andar?

Fazia muito tempo que eu não sentia tanto ódio de uma personagem principal, e nem é um ódio interessante, é porque ela é simplesmente estúpida e não faz sentido interno. Ceony era para ser inteligente, a frente do seu tempo, e um tanto quanto durona. Ou pelo menos é isso que os primeiros livros vendem dela. Mas aqui ela é só ignorante, arrogante ao extremo e ao mesmo tempo de uma inocência que não combina com ela. Em outras palavras, falta coerência à personagem.

Não sou daquelas leitoras que precisam amar as personagens para gostar de um livro, mas um pouco de sentido é necessário para tornar a história crível e interessante. Passar o livro inteiro querendo revirar os olhos não é uma sensação legal. Dá só vontade de pular página pra acabar logo a tortura.

Enfim, uma grande pena, porque o mundo criado por Charlie N. Holmberg tem muito potencial. Estou começando a entender porque a Disney ainda não tem um projeto fechado, pois precisa de muito ajuste pra aproveitar essa história até o final. Algo como reescrever o terceiro livro inteiro, isso se quiser ir até o final, pode ajustar o segundo livro e terminar ali. Ou só aproveitar o mundo criado e fazer histórias do zero. De qualquer forma, acho que é mais trabalho que estavam imaginando quando saiu o primeiro volume.

Nota 4.

Eternal Magic (Dragon's Gift: The Huntress #4)


SPOILER FREE

Depois de três volumes eu não podia parar no meio a história de Cass, The Huntress, suas irmãs de consideração e finalmente descobrir quem é o grande monstro que persegue as três FireSouls. Se o primeiro livro foi uma boa introdução, o segundo começou a patinar e o terceiro continuou numa vibe mais do mesmo, pelo menos o quarto livro faz a história andar e traz elementos novos interessantes.

Cass finalmente começa a lembrar e entrar em contato com o passado que foi apagado da sua memória, e essa é a parte mais interessante desse volume. Por outro lado, os defeitos da série se mantém firmes e fortes, Linsey Hall faz recapitulações chatíssimas e de revirar os olhos, a tensão sexual e o instalove não são aproveitados para pelo menos termos cenas mais calientes, essas são deixadas de fora do livro, e, por fim, apesar do enredo interessante e cheio de adrenalina, as personagens começam a dar sinais de no fundo serem estúpidas, o que não condiz com o que foi apresentado até aqui.

No final das contas, temos uma história super interessante e instigante, com um mundo bem montado e estimulante, cheio de possibilidades que são bem aproveitadas no enredo. No entanto, a realização deixa a desejar. Sabe aquele gostinho de podia ser muito melhor?

O pior de tudo é que não consigo parar de ler a série. Sei de todos os defeitos, eles me irritam, mas a curiosidade é maior. Confesso que já estou até de olho nas séries das irmãs, pode isso? Acho que no fundo sou uma pessoa otimista.

Nota 7.