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quinta-feira, 28 de abril de 2022

O Diabo do Rio - River Marked (Mercy Thompson #6)


 

SPOILER FREE

Seguindo para mais um volume da meu vício atual, a série Mercy Thompson, cheguei no livro 6, River Marked, que ficou traduzido como O Diabo do Rio pela editora portuguesa Saída de Emergência. A tradução do título ficou meio abrasileirada na minha opinião, mas pelo menos tem a ver com o enredo.

Nesse livro, Mercy finalmente casa com o lobisomem Adam, e, claro a lua de mel deles se torna uma grande confusão. Tudo porque os fae oferecem para eles um lugar para ficar perto de um rio, e claro, o tal rio está tendo um aumento de mortes nos seus arredores que ninguém sabe explicar.

Um dos pontos mais interessantes de O Diabo do Rio é que é o primeiro volume da série totalmente voltado para os antepassados da Mercy, os nativos dos EUA. Temos presente toda a questão indígena e a origem do poder de Mercy de se tornar um coiote e ver fantasmas, além de finalmente sabermos mais sobre o seu pai.

Nesse sentido, para mim esse é o volume mais interessante da série até agora. Realmente estava fazendo falta ter mais esse lado da história dos indígenas, e uma discussão sobre Mercy ter sido criada totalmente fora da sua herança cultural, o que a torna pouco conhecedora das suas próprias potencialidades.

Fora esse pano de fundo mais interessante que a média dos livros da série até agora, as demais características da série continuam as mesmas. Temos muita ação por lado, pouco ou nada de cenas mais sensuais, apesar da história se passar numa lua de mel, e, infelizmente a falta de personagens femininas. Pelo menos, dessa vez, as pouquíssimas personagens femininas que aparecem não odeiam a protagonista. Menos mal, mas podia ser muito melhor do que é.

Até o momento, a série Mercy Thompson da americana Patricia Briggs é uma excelente leitura. Para quem gosta de fantasia e de ação, é uma excelente pedida. Não é perfeito, poderia ser melhor, mas ainda assim recomendo muito.

Nota 9,5.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Segredo de Prata - Silver Borne (Mercy Thompson #5)

SPOILER FREE

Seguindo na minha atual saga de ler a série Mercy Thompson da americana Patricia Briggs, cheguei no quinto volume, Segredo de Prata, como ficou a tradução pela editora portuguesa Saída de Emergência.

Dessa vez, Mercy volta a se envolver com questões dos fae, e numa tentativa de ajudar o amigo do filho do seu mentor, se vê no meio de uma busca desenfreada por um artefato mágico. O problema é que tem gente que acha que ela é que tem posse do tal artefato, o que significa que ela está sendo perseguida. Para piorar a situação, sua entrada no grupo de lobisomens não tem sido muito fácil, e um possível complô está se formando.

Num misto de história de mistério e ação, Patricia Briggs traz a tona algumas narrativas estilo contos de fadas, no que combinou muito bem com os lobisomens e vampiros. O mundo criado pela autora, em sua riqueza e complexidade, é um dos trunfos da série Mercy Thompson, e isso é particularmente verdade nesse volume. A adaptação que ela fez para narrativas clássicas ficou muito interessante.

Ainda temos algumas questões que são constantes nos livros da série. De forma positiva, temos a nossa protagonista, que foge à fórmula da escolhida e mega poderosa, pelo contrário, as coisas acontecem muito por sorte (ou azar, ou força do roteiro) e Mercy é sempre uma das personagens menos fortes presentes no enredo, o que torna toda a ação muito mais interessante. E claro, como boa brasileira, adoro torcer para a zebra da situação.

De forma negativa, a falta de personagens femininas que sejam amigas de Mercy ao invés de olhar torto pra ela o tempo todo é uma das coisas que me irrita. A única personagem feminina que ela se dá bem e sempre aparece nos livros é a filha do Adam, o par amoroso dela. Menos mal porque ela poderia nem se dar bem bom ela, mas, é simplesmente estranho todas as outras mulheres detestarem ela sem grandes motivos. Digo sem grandes motivos porque os citados são os mesmos para alguns homens, o que parece afetar só parte da população masculina, mas quase toda a população feminina. Estou torcendo para isso mudar em algum momento.

Por outro lado, Patricia Briggs consegue fugir dos finais com gancho, e seus livros são sempre redondinhos e com um final que te deixa com gosto de quero mais ao invés de ódio eterno. Estou ficando até com vontade de ler outras séries da autora, como a Alfa e Ômega, que se passa no mesmo universo. Agora vamos ver até onde vai o meu fôlego para ler as aventuras de Mercy, e até onde a autora consegue manter os volumes interessantes.

Nota 9.

terça-feira, 19 de abril de 2022

o nosso reino


SPOILER FREE

Quem acompanha minhas resenhas sabe que quando eu gosto de determinado autor, eu não meço esforços de ler qualquer coisa nova ou antiga, eu gosto é de completar o álbum. Mas, quanto mais a gente lê determinado autor, maior a probabilidade de encontrar algo dele que não nos agrada.

Infelizmente esse foi o caso com o nosso reino do português Valter Hugo Mãe. Apesar de eu adorar o português, ter quase que todos os seus livros, e de forma geral adorar a sua obra, preciso ser sincera e dizer que não gostei desse livro.

A história se passa num vilarejo português na década de 70, e é narrada do ponto de vista de Benjamim, uma criança de cerca de 9 anos. História talvez seja exagero, o livro é quase que uma coletânea de impressões e pequenos causos, onde a percepção carregadíssima de catolicismo do menino é o fio da meada.

Valter Hugo Mãe faz uso da sua forma de escrever repleta de lirismo e poesia, mas, as imagens não me agradaram e nem me prenderam na narrativa. De forma geral, achei tudo muito exagerado por um lado e grosseiro por outro. Nada contra os exageros ou grosserias de forma geral, mas, precisa ter um objetivo ou um papel na narrativa. E sinceramente, não achei que agregou, ficou só com cara que o autor queria chocar o leitor só pra chocar mesmo.

O resultado ficou um tanto quanto desconjuntado, numa leitura sonolenta e sem graça. O resultado certamente independe de qual edição você encontre, a antiga pela Editora 34, e a nova pela Biblioteca Azul.

Minha nossa, como me doeu escrever isso sobre o autor... então, vou terminar dizendo que ele tem coisas incríveis, mas não recomendo o nosso reino como uma das suas obras a serem lidas. Pega qualquer outro livro, é provável de acertar.

Nota 4.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Bone Crossed - Cruz de Ossos (Mercy Thompson #4)


 

SPOILER FREE

Continuando o meu atual vício com a série Mercy Thompson, não resisti e já terminei de ler o quarto volume, Cruz de Ossos, como ficou a tradução em Portugal pela editora Saída de Emergência. Depois de um livro voltado para cada um dos três grupos importantes do mundo criado pela americana Patricia Briggs, não tinha como não fazer um repeteco no livro número quatro.

Dessa forma, em Cruz de Ossos, temos quase que uma continuação do segundo livro, onde foi iniciada uma trama com os vampiros. Mas, dessa vez, Mercy precisa lidar não só com a rainha do clã local de vampiros, Marsilia, uma vampira muito antiga, mas acaba se metendo sem saber com um vampiro solitário de uma cidade próxima. 

Apesar dos momentos bem cheios de aventura, a questão aqui tem cores mais fortes de politicagem, não só pela relação entre os vampiros e os lobisomens, mas porque finalmente Mercy começa a fazer parte do grupo de lobisomens, como parceira do alfa Adam. Tinham me avisado que finalmente rolava uma ação interessante por conta disso, mas, fica o aviso de que não é bem o que eu esperava no quesito caliente. Melhor não esperar grandes coisas. Apesar das capas sugestivas, os livros de Patricia Briggs não têm esse tipo de cena. Não faz falta, porque a ação e o enredo seguram bem a leitura, mas, para quem curte, fica o aviso.

Estando no quarto livro, é interessante reparar que os volumes de Mercy Thompson são bem redondos. Cada um tem uma história com início, meio e fim, nada daqueles ganchos no final que levam os autores para um lugar especial do inferno, o que acho muito positivo. Patricia Briggs, ao invés de usar esse subterfúgio fácil, consegue criar sempre situações diferentes para cada livro, mas com temas e enredos mais longos, porém menos cheios de adrenalina, para compor o fundo e a conexão entre os volumes. Então, é importante ler na ordem, mas você não fica com ódio no coração por não saber o que vai acontecer em seguida.

O problema crônico da falta de personagens femininas que sejam amigas da protagonista continua, infelizmente. Entretanto, o texto também continua altamente viciante. Já peguei o livro seguinte. Não sei ainda se acho bom ou ruim a série ser tão longa... o décimo terceiro volume vai ser lançado em agosto de 2022 ainda! Vamos ver até onde a autora consegue levar essa fórmula e manter interessante e legal de ler.

Nota 9.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Iron Kissed - Beijo do Ferro (Mercy Thompson #3)


SPOILER FREE

Como boa leitora compulsiva que sou, mal terminei o segundo livro da série Mercy Thompson, da autora americana Patricia Briggs, e já entrei de cara no terceiro, Beijo do Ferro, como saiu na editora portuguesa Saída de Emergência.

Se no primeiro volume, O Apelo da Lua, conhecemos melhor como funcionam os lobisomens no mundo criado pela autora, no segundo volume, Vínculo de Sangue, conhecemos os vampiros, no livro seguinte era esperado sermos melhor apresentados aos fae. Os fae não são uma novidade, o mentor de mecânica de Mercy, Zee, que aparece logo no primeiro livro, é apresentado como um tipo de fae, um gremlin, um dos poucos tipos de fae que consegue lidar bem com ferro.

Então, dessa vez, é Zee que pede ajuda a Mercedes, e quando ela se envolve na investigação de assassinatos na reserva de faes da região onde ela mora, ela acaba sendo também a única interessada em ajudar Zee quando ele é preso injustamente. Novamente, temos a nossa protagonista, a menos poderosa entre todos os envolvidos, tentando fazer o que ela acha certo e, claro, ela se dá sempre mal, de uma forma ou de outra.

Além do drama do mentor preso, o clima na matilha local de lobisomens está estranho. Para tentar proteger Mercy, o alfa do grupo, Adam, decretou que ela era a sua parceira, mas, ela nunca aceitou a posição. Para piorar a situação, ela está morando com um ex-namorado, Samuel, que depois de abandonar a matilha mais importante do país, resolveu ir morar com ela, numa tentativa de reconquista-la, o que deixa tudo mais confuso.

O terceiro volume da série é mais um mistério do que um livro de ação, com Mercy tentando investigar os assassinatos para limpar o nome de Zee, mas outras tramas, que começaram nos livros anteriores, tem um peso interessante que torna o enredo mais complexo. Mesmo assim, o clímax do livro é pura adrenalina, com uma reviravolta que eu confesso que não esperava. Não sei o quão necessário era ter alguns acontecimentos, que podem gerar gatilho em alguns leitores, mas, deixa a personagem ainda mais interessante, e leva a algumas discussões importantes. O resultado no final das contas me agradou.

A única coisa que realmente me deixa insatisfeita com a série da Patricia Briggs é a falta de personagens femininas que não odeiem a protagonista. É um detalhe que acho triste, e que não vejo nenhum objetivo para ser assim, é só chato e deixa algumas situações bem mais machistas do que o necessário, considerando que Mercy sabe que vive em construções sociais machistas e reclama disso com alguma frequência.

Para quem curte séries de fantasia, recomendo muito Mercy Thompson, com apenas o aviso de gatilho de violência sexual nesse volume.

Nota 9.


quarta-feira, 13 de abril de 2022

A pirâmide


 

SPOILER FREE

O Desafio Literário Popoca 2022 de abril tem como tema um romance histórico, e eu resolvi pegar um que se encaixa duplamente nesse quesito. O autor Ismail Kadaré é mais conhecido no Brasil por conta do filme Abril Despedaçado do que por conta de seus livros, mas, não é difícil encontrar traduções dele em português, o que mostra que o autor albanês é um tanto quanto fora da curva.

Apesar da Albânia ficar no que hoje chamamos Europa, a maioria da população do país é muçulmana, e a região ficou sob alguns séculos sob domínio do império otomano, do qual só saiu no século XX. De certa forma, isso transparece nos temas e nas narrativas de Ismail Kadaré, inclusive no texto original de Abril Despedaçado. Então, não é totalmente disparatado o autor, que não é egiptólogo, resolver escrever em A Pirâmide sobre a construção da maior pirâmide do Egito Antigo, chamada de pirâmide de Queóps, por conta do faraó que ordenou a sua construção.

Embora o enredo se passe totalmente dentro do período histórico da construção da pirâmide, o autor conseguiu fazer um retrato do que poderia ter ocorrido em qualquer época onde há uma ditadura. Numa narrativa concisa, mas poderosa, Ismail Kadaré traz à vida não apenas o Egito Antigo e diversas figuras históricas, mas também todo o clima do que poderia ser viver sob um regime e uma a figura tão dura quanto um faraó.

O melhor é que ele não escolhe o tema à toa, pouco antes dele escrever A Pirâmide, o secretário do partido comunista da Albânia, Enver Hoxha, que ficou em diversas posições no poder por cerca de 40 anos, havia mandado construir uma pirâmide na capital do país, Tirania. A pirâmide depois virou um museu, e durante a guerra de Kosovo foi uma base da OTAN, e durante muito tempo foi chamada de mausoléu de Enver Hoxha, porque ele faleceu na época da sua conclusão, apesar de não ter sido enterrado lá.

A pirâmide de Tirania

Por conta desse livro (e provavelmente de outros também), que só foi editado mesmo depois da queda do comunismo na Albânia, Ismail Kadaré se exilou na França, o que mostra o quão certeiro é o seu texto. Que, no final, é duplamente romance histórico, é um retrato do Egito Antigo e um retrato da Albânia dos anos 80. O autor é bom assim, vale a pena ler qualquer coisa dele, mas A Pirâmide é realmente especial.

Nota 10.

Vínculo de Sangue - Blood Bound (Mercy Thompson #2)


 

SPOILER FREE

Depois de ler O apelo da lua, confesso que fiquei um tanto vidrada na personagem Mercy Thompson e no texto da americana Patricia Briggs. Nem respirei entre fechar o primeiro volume e abrir o seguinte, o que me deixou feliz por ter deixado para ler a série depois de ter conseguido a maioria dos livros.

Apesar das capas sugestivas, Patricia Briggs não segue a linha mais comum de fantasia com uma protagonista feminina que seja recheada de cenas picantes, apesar do triângulo amoroso e de certa importância dos relacionamentos amorosos no enredo. Por um lado isso é interessante, porque sobra mais espaço para ação e adrenalina, por outro, eu gosto de cenas picantes, mas não acho que faça falta em Vínculo de Sangue, como ficou o título em português de Portugal.

Dessa vez, Mercedes, a mecânica de Volkswagen, por conta de estar devendo um favor para um amigo vampiro no primeiro volume, aceita ir com Stefan atrás de um outro vampiro. O que era para ser um encontro tranquilo, se revela um problema porque o tal vampiro controla um demônio, e coloca todos, inclusive os seres sobrenaturais da região em risco.

A partir daí, Mercy, que entre todos os tipos de seres sobrenaturais descritos no mundo criado por Patricia Briggs, é um dos mais fracos e frágeis, acaba sendo colocada numa posição complicada onde ela precisa caçar o tal vampiro ultra poderoso. E essa é uma das características interessantes da walker, apesar de se considerar sempre menos poderosa que todos ao seu redor, ela nunca se recusa a ajudar os amigos, e mesmo com os riscos ela sempre tenta fazer o que ela considera a coisa certa.

É um tanto quanto fascinante acompanhar uma personagem heroica como Mercy, mas que não é super poderosa. Ela acaba conseguindo vencer os obstáculos de forma inesperada, e mais por pensar e se comportar fora da caixa, do que por força ou magia ou poder. Diferente de um grande número de séries por aí, ela não é a escolhida, ela não é a mais poderosa e ela não tem um grande objetivo a cumprir.

Mercy é a heroína de ocasião, que só estava no lugar errado e na hora errada, e que, por um senso de obrigação doido resolve se meter na briga de cachorro grande. E claro ela não sai ilesa, o que torna a coisa interessante, porque ela sabe que tem coisas a perder e não vai sair inteira, mas ela vai mesmo assim.

Então, além de ter uma protagonista interessante, personagens secundários interessantes, e um mundo muito bem construído e pensado, Patricia Briggs escreve bem, e consegue entregar um enredo cheio de adrenalina e que termina com gosto de quero mais. Ainda bem que eu já tenho o próximo livro para ler. É simplesmente viciante.

Nota 9.

terça-feira, 5 de abril de 2022

O Céu Não Sabe Dançar Sozinho


 

SPOILER FREE

Quem me acompanha sabe que eu tenho uma listinha de autores favoritos que eu tento ler algo com alguma frequência, Ondjaki é um deles. O autor angolano é uma preciosidade capaz de escrever em diversos estilos literários, incluindo poesia, livro infantil, livro adulto, contos e romances. E ele não só escreve de tudo, mas escreve tudo muito bem.

Esse livro já estava fora da estante, rodando por aí na minha bolsa de praia, mas só essa semana eu consegui sentar na areia e lê-lo, de uma vez só, diga-se de passagem. Ainda bem que estava debaixo de uma barraca e com protetor solar, porque só consegui fechar o livro quando terminei.

O céu não sabe dançar sozinho é uma coletânea de contos, com um quê de realismo fantástico, que parecem relatos do autor em suas estadias ao redor do mundo. Cada conto se passa numa cidade diferente, num continente diferente, mas todos tem aquele quê característico de Ondjaki.

Apesar do livro se passar por diversos cantos do mundo, não espere um relato de viagens ou descrições de diversas cidades. Isso talvez seja comum demais para o autor. Seja na África, na Ásia ou na Europa, o autor traz pequenos retratos do que é um ser humano num lugar onde não pertence, onde se sente um tanto quanto inseguro e incerto das regras, mas que mesmo assim tem uma razão para estar ali. Nem que essa razão seja estar aberto para o improvável e para novas experiências.

Assim como outros livros supostamente autobiográficos do autor, não é claro o quão real ou fantasioso ou uma mistura dos dois os contos são. E no fundo, esse é um dos trunfos de Ondjaki, ele consegue capturar o humano em situações por vezes estranhas, mas não necessariamente impossíveis. E com isso ele transmite uma beleza única em coisas que podem parecer banais ou simplesmente surreais.

Mais um livro do autor que entra na lista de mais uma razão para ler Ondjaki.

Nota 10.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Um de nós está mentindo - One of us is lying


 

SPOILER FREE

Fazia muito tempo que esse livro estava na minha lista de leituras, mas com pandemia e desafios literários, não havia surgido ainda o momento dele. Quando vi que iria sair a série no Netflix de One of us is lying, não teve jeito, precisei tirar o livro da estante virtual e lê-lo o mais rápido possível para poder assistir à série.

Confesso que não li o livro inteiro primeiro, quando cheguei na metade comecei a ver os episódios, o que foi uma experiência interessante, pois deu para saber bem direitinho todas as alterações que fizeram do livro para a TV. Claro que terminei o livro antes da série, porque prefiro assim, e ainda bem que fiz isso.

Esse foi o primeiro livro publicado da Karen M. McManus, e fez um enorme sucesso na época, o que nem faz muito tempo, ele é de 2017, e desde então sua carreira deslanchou, com mais uns 5 livros publicados, incluindo uma continuação (que sim, eu já tenho). O lance de best-sellers é que nem sempre a gente entende como eles chegaram lá. Mas Um de nós está mentindo, como ficou o título em português pela editora Galera, faz jus a todo o bafafá e ter virado série.


O livro é um mistério, daqueles em que você tem um assassinato e vários suspeitos e todo o enredo gira em torno de quem matou quem. Nesse caso, temos Simon, um garoto pouco social que criou um app de fofoca da sua escola, onde ele posta as histórias mais escabrosas (e sempre verdadeiras) de seus colegas. Claro, ele que foi assassinado. Na lista de suspeitos temos quatro estereótipos personagens muito diferentes entre si, a cdf Bronwyn, o atleta Cooper, a patricinha Addy e o encrenqueiro Nate.

A história é narrada trocando a voz entre esses quatro suspeitos, sendo que todos, claro, assim como o resto a escola, tinham motivo para se livrar de Simon. Misturando o dia a dia da escola, com o circo midiático que não poderia deixar de acontecer nos EUA, o enredo é cheio de reviravoltas e surpresas. Não só com relação ao conteúdo dos quatro de Bayview High no app de Simon, mas com relação a outros aspectos da vida de cada um dos personagens principais, que dá todo um sabor extra e complexidade para cada um deles.

Particularmente, amei demais o livro. Achei bem escrito, com boas reviravoltas, um final que me surpreendeu e bons personagens não só principais, mas secundários também. Incluindo aí a irmã da Addy, que amei de coração e fiquei danada de não ter aparecido na série, assim como outros bons personagens, como o advogado Eli. O relacionamento entre eles também foi muito bem explorado pela autora. Gostei tanto que estou animada de ler outros dos seus trabalhos.

E aí chegamos à série de TV, que aqui no Brasil está disponível no Netflix... por um lado, a adaptação é muito interessante, porque me parece que eles fizeram um esforço de deixar os personagens mais diversos do que no livro, o que é sempre bom. Outro ponto positivo é que eles capricharam na realidade online da juventude atual, que está no livro, mas é diferente quando você usa uma mídia visual para contar a história. 

Por outro lado, eles mudaram bastante coisa do texto original. Isso por si só não é um problema, adaptações precisam disso. Não me considero uma purista nesse sentido. Inclusive eu já esperava que eles fossem mudar o final da história, só pra não ficar exatamente como no livro. O meu problema com as alterações é que eu acho que elas deixaram a história mais boba e os personagens menos profundos. Se tiraram bons personagens secundários porque não ia dar tempo, eu entendo, faz parte, fico triste claro, mas entendo. Entretanto, colocaram no lugar toda uma história muito complicada com uma das professoras. E o desfecho dessa história foi péssimo em diversos sentidos na minha opinião.

Mais um caso de o livro era melhor.

Nota 10 para o livro.

A série foi renovada, mas sinceramente, não pretendo assistir outra temporada, vou ficar só nos livros, obrigada.