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domingo, 20 de maio de 2018

Nine Parts of Desire: The Hidden World of Islamic Women - Nove Partes do Desejo - O Mundo Secreto das Mulheres Islâmicas



SPOILER FREE

Virei fã da Geraldine Brooks quando li As Memórias do Livro, um livro indicado pela minha sogra. E como eu gostei muito, ela ainda me deu de presente essa preciosidade. Como esse seria um livro que eu precisaria fazer diversas anotações e apontamentos, e somando a minha campanha de trocar meus livros físicos por livros digitais (campanha ainda em andamento e de sucesso limitado por questões de amor por livros), acabei por conseguir uma versão em kindle com o texto original em inglês (vide a capa original acima).

Logo, percebe-se que esse foi um livro que já estava na minha lista de leituras há algum tempo, o que é muito normal, mas eu leio tentando diminuir a lista, que só aumenta (novamente a questão de amor por livros). De qualquer forma, finalmente ele entrou em pauta, e novamente não me arrependi de ler Geraldine Brooks.

Além de autora de romances, Geraldine foi durante muitos anos uma repórter que trabalhou exclusivamente com Oriente Médio, morando em diversos países árabes com seu marido, um judeu. Nove partes do desejo é um grande levantamento de tudo o que ela viveu e experienciou durante os anos de estadia em países como Irã, Marrocos, Iraque, Arábia Saudita e Egito.

Levando em consideração que ela é judia (por conversão por conta do casamento), eu confesso que fiquei positivamente surpresa com suas leituras e posicionamentos relativamente sem preconceito (não são 100% livres de preconceito não, preciso apontar). Por questões culturais locais, ela acabou por se relacionar muito mais com as mulheres nesses lugares, e a vida feminina no mundo árabe acabou por se tornar o seu tema principal de trabalho, o que a torna uma das poucas jornalistas que tratam especificamente desse assunto.

Dessa forma, o livro é maravilhosamente rico em informação sobre como as mulheres árabes vivem, sem fantasias orientalistas. Sendo necessário lembrar apenas que esse livro foi lançado no meio da década de 90, e alguma coisa certamente já mudou desde então, enquanto outros temas do livro parecem absolutamente contemporâneos, como a questão da permissão para mulheres sauditas dirigirem.

Fora a questão puramente jornalística, que é muito boa no livro, Geraldine inclui no seu texto diversas críticas relacionadas à questão das mulheres no mundo islâmico. Na maior parte das vezes suas críticas são feitas de forma muito construtiva e até justa. Mas infelizmente é aí que de vez em quando seu posicionamento pode se tornar um tanto quanto preconceituoso, e é necessário que o leitor exerça um certo grau de cuidado na leitura, para acabar não repetindo alguns exageros.

No geral, é um livro absolutamente maravilhoso e uma excelente fonte de informação e até mesmo de quebra de alguns paradigmas. Recomendo. E pretendo ler mais da autora.

Nota 9.

2 comentários:

  1. Também li "As Memórias do Livro", mas, embora tenha gostado da forma como ela construiu a história, das idas e voltas no tempo acompanhando a trajetória do livro, achei as partes que se passam nos dias atuais um pouco convolutas. Mas me interessei pela premissa desse aqui, que é não ficção e trata de uma realidade que a gente conhece bem pouco por aqui.

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    1. Nesse sentido o livro é mesmo muito rico. Ela condensa anos de trabalho de campo como jornalista em tudo quanto é país árabe. Fico tentando imaginar como ela conseguiu organizar tanta informação!

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