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domingo, 30 de setembro de 2018

Poesia completa de Yu Xuanji



SPOILER FREE

Como as pessoas que frequentam esse blog já devem ter percebido, eu tenho lido bastante poesia nos últimos anos. Isso porque tomei como hábito ler uma poesia todo dia de manhã, o que eu recomendo para todos, porque é muito gostoso começar o dia assim.

Não lembro exatamente onde comprei esse livro, mas confesso que simplesmente não resisti quando vi, ainda mais porque a edição é bilíngue, e apesar de eu não entender nada, absolutamente nada, de chinês, é preciso dizer que as poesias originais são lindas de se ver. Isso porque a poesia clássica chinesa tem características diferentes do que temos nas poesias ocidentais, pois não só existe a questão da rima e do conteúdo, mas também a quantidade de ideogramas e os seus desenhos na poesia como um todo são importantes. A poesia precisa ser uma arte visual também.

Claro que eu só sei disso porque essa edição em especial possui uma introdução maravilhosa do estudioso do chinês que fez a tradução (certamente dificilíma), onde ele explica não só a estrutura básica da poesia clássica chinesa, mas também um pouco da história da poetisa Yu Xuanji, que por si só já daria um livro fantástico. Apaixonei por ela.

Yu Xuanji foi uma poetisa chinesa que viveu no século IX, e que é considerada a maior poetisa da época. Seus textos seguem um padrão literário da época muito complexo e difícil, e ela tem como diferencial o fato de ter introduzido temas inéditos nesse estilo, tais como um ponto de vista feminino do mundo, o erotismo e também algo de autobiográfico. Coisa pouca, né?

Ela foi tão ousada que foi condenada a morte e executada antes dos 30 anos de idade.

Traduções são coisas complicadas, mas dependendo de que idiomas estamos falando elas podem se tornar mais ou menos complicadas.  E quando se trata de poesia, o problema aumenta de forma geométrica. A questão passa a ser não só o sentido do texto, mas os jogos de palavras, as rimas, a estrutura da poesia em si, e quando se trata de textos antigos ainda temos problemas de contextos completamente diferentes dos nossos.

Considerando isso tudo, é preciso tirar o chapéu para o trabalho dos tradutores desse livro. As poesias em português estão belíssimas, mas ainda conseguem manter algo da estrutura original do chinês (cuja gramática é bem diferente das línguas latinas), o que causa um estranhamento que pessoalmente achei brilhante, porque é preciso lembrar a forma original que a autora apresenta as imagens e ideias. Fora todas as riquíssimas notas de rodapé que servem para explicar o uso de diversas imagens e escolhas de palavras dentro da cultura e do imaginário chinês da época.

Simplesmente maravilhoso o trabalho.

Nota 10.


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