SPOILER FREE
Há dois anos atrás eu li o meu primeiro livro do jornalista inglês, Robert Fisk, sobre a guerra civil na Argélia. E gostei tanto do trabalho dele que resolvi comprar outros livros. Como o tema do desafio literário de agosto (sim, estou atrasada na resenha para variar um pouquinho) era uma história em tempo de guerra, achei o livro com a coletânea do jornalista de guerra sobre o Afeganistão (que, por sinal, continua em guerra) uma escolha bastante apropriada.
Robert Fisk é um bom jornalista, e especializado no Oriente Médio (ele fala árabe fluente, o que é uma raridade no ocidente e ainda mais entre jornalistas), mas é preciso ressaltar que esse livro é uma coletânea, não uma narrativa arrumada bonitinho para ser um livro. Isso quer dizer que, separadamente, todos os textos de Fisk são bons e interessantes, porém, no conjunto eles são um tanto repetitivos e, convenhamos, ele não morou esse tempo todo no Afeganistão, logo, tem pedaços da história que ficaram sem muito registro.
Outro ponto importante, é que Robert Fisk é um jornalista, não um acadêmico ou historiador, então seus relatos são isso, relatos, as análises em si por vezes deixam a desejar e, por vezes, são tendenciosas.
Independentemente dos defeitos inerentes ao formato do livro e da natureza do autor, temos que tirar o chapéu para Fisk. Uma das coisas que mais me surpreendeu no livro é justamente o seu início, quando ele relata e critica o que estava acontecendo na cena política norte americana logo após o atentado do 11 de setembro. Os primeiros textos do autor são proféticos, é bizarro. Ele faz uma previsão absurdamente certeira do que vai acontecer no Afeganistão e com a coligação EUA/Inglaterra. E ao longo do livro ainda profetiza o que vai acontecer no Iraque, que é invadido pouco depois, e entre os possíveis futuros para a Síria ele acerta mais uma vez. Além de profetizar a recém aprovada lei estilo apartheid de Israel.
O cara é bom.
O resultado é que não me arrependo de ter comprado mais livros dele e pretendo continuar lendo o seu trabalho.
Infelizmente a maior parte dos seus livros, este inclusive, não foi publicado em português.
Nota 8.
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