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domingo, 29 de setembro de 2019

Zami: A New Spelling of My Name



SPOILER FREE

O tema do Desafio Literário Popoca de setembro é um livro que tenha sido lançado no ano que você nasceu, e eu posso dizer que fui bastante feliz com esse tema. 

Um dos livros lançados em 1982 é a autobiografia da ativista negra, lésbica, poetiza, filha de imigrantes caribenhos e uma das pioneiras nas definições que criariam o feminismo intersecional Audre Lorde. A autora americana têm diversos livros lançados, entre livros de poesia, livros de textos militantes e autobiografias, mas Zami é o primeiro que tive o privilégio de ler.

Infelizmente a autora é muito difícil de encontrar traduzida para o português, o que é uma pena, e mostra o quão atrasados estamos em algumas coisas, afinal, a autora nasceu em 1934 e começou a publicar ainda na década de 60.

Em Zami, Audre Lorde narra como foi a sua infância com seus pais imigrantes, e como era ser considerada cega, porque Audre tinha uma miopia tão forte que ela era considerada legalmente cega e mesmo com óculos tinha muita dificuldade de ver. Sua mãe conseguia passar por branca, mas seu pai, ela e suas irmãs, não. O racismo vivenciado em sua infância por sua família é algo que marca muito a sua escrita de forma geral, e em especial a primeira parte de Zami.

Mais tarde, além de negra, a autora se descobre lésbica, o que causa uma outra gama totalmente diferente de problemas e preconceitos. Como a cena lésbica na sua adolescência e início da fase adulta não era lá muito abrangente, Audre se envolve com diversas mulheres com muitas histórias diferentes, e muitas delas são brancas, o que a faz começar a pensar nas diferenças de preconceitos que ela e suas amantes brancas sofrem.

O livro cobre a vida de Audre Lorde até meados dos anos 50, antes dela começar a publicar suas poesias, e, a própria autora adverte que se trata de uma biomitografia, o que pode dar certas liberdades à autora com relação a veracidade daquilo que ela nos apresenta.

Mas o importante no texto de Audre definitivamente não é a veracidade dos acontecimentos, mas sim o retrato que ela nos mostra de uma época, além das reflexões e pensamentos que mais tarde iriam fomentar todo o seu ativismo. E nisso, Zami é um prato cheio, delicioso de ler. Apesar de ser um livro obviamente pesado, vale a pena cada palavra.

Nota 10.

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