ANNE FRANK
Não há porão mais escuro
que este ao que desce a alma
para esconder com palavras
o que deveria chamar-se
MORTE.
Perseguem-nos por isso
deixamos registro
de sobrevivência.
É uma homenagem ao gueto
clausura precoce
onde a menina aprende a trocar
vinte e quatro horas em claro
por segundo de escrita.
SPOILER FREE
Poetisa nova no pedaço! Apresento a vocês a argentina Tamara Kamenszain, descendente de judeus e, aparentemente, uma escritora muito conhecida na sua terra natal.
Essa edição bilíngue foi uma escolha muito feliz para o meu primeiro contato com ela. A editora juntou 2 obras da autora que apesar de terem sido lançadas com anos de distância entre uma e outra, funcionam especialmente bem juntas, pois as duas são formas de trabalhar o luto. Em "O gueto" Tamara fala sobre a perda do seu pai, enquanto em "O eco de minha mãe" ela trata não só da morte da sua mãe, mas também da dificuldade de lidar com as doenças da idade avançada.
Claro que por vezes o texto é bastante pesado, o que era de se esperar com o tema proposto, e tem uma quantidade grande de referências judaicas que eu certamente não captei por completo, ou pior, talvez nem tenha percebido que estavam ali. Mas achei essa presença muito interessante e enriquecedora, justamente porque não tenho tanto contato com a comunidade judaica.
Apesar de ter gostado da leitura, preciso dizer que diferentemente de outros livros, esse ficou com poucos marcadores de poesias das quais gostei. Não sei explicar bem como posso ter gostado do livro como um todo e não ter me apaixonado por quase nenhuma poesia em específico, mas é assim.
Agora quero ver mais obras dela, com outros temas, para experimentar mais do seu trabalho. Já estou com outro livro dela em casa, e ela está na lista de leituras de 2018. Aguardem mais notícias.
Nota 8.
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