Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Superman is an arab


     Once upon a time, there was a little girl who loved to read more than anything else in the whole world. She read everything seh could get her hands on: her father's newspapers, her mother's glossy magazines, and all the books that were stuffed in their house's big library. She even read the tiny information leaflets that come inside drug boxes, notifying users about dosage, administration and side effects. That's how she learnet, by age eight, that antacids and alcohol were not a good mix, and that 'Ranitidine may decrease the absorption of diazepam and reduce its plasma concentration': warnings which proved not to be useful later in her life.

SPOILER FREE

Joumana Haddad é uma autora libanesa conhecida no Brasil pelo livro "eu matei Sherazade". No Líbano ela é uma das vozes mais proeminentes do feminismo, e seu trabalho e seus textos são muito importantes para o movimento feminista no Oriente Médio.

Dito isso, é preciso dizer que Superman is an Arab não é um bom livro. Infelizmente ele sofre de um problema estrutural sério, que é o excesso de assuntos envolvidos em menos de 300 páginas. O segundo problema é mais complicado, que é a forma como os assuntos são abordados. A sensação que tive é que Joumana fez desse livro uma oportunidade de gritar aos quatro ventos toda a sua raiva e frustração. O que é válido, claro, mas enfraquece o livro em termos de argumentos. Até porque todo esse sentimento acabou por tornar o texto bem mais genérico do que a autora diz pretender.

Por ser um livro muito baseado em opiniões da própria autora, e por conta da sua visão que muitas vezes glorifica a situação feminina na Europa e nos Estados Unidos (que na verdade está longe de ser ideal, mas vamos relevar por conta do ponto de vista da libanesa), a sensação que eu tive ao ler o volume foi de estar lendo um texto feminista de uns 10 anos atrás.

Isso certamente não invalida a importância de Joumana no seu país, no Oriente Médio e no Mundo Árabe em geral, acho que o seu trabalho é muito pertinente e espero que gere muitos frutos. Mas, para leitores fora de lá o livro pode dar uma visão equivocada de algumas realidades.

Por exemplo, uma das coisas que ela reclama no livro (com absolutamente toda razão) é a questão do casamento infantil, o que dá a sensação de que o mundo árabe é o campeão nessa prática execrável. O que não é exatamente verdade, as estatísticas da Índia são muito piores do que dos países do Oriente Médio e, podem deixar o queixo cair, o Brasil não é tão melhor assim. Segundo a UNICEF nossa estatística é pior do que a do Afeganistão. É sério. Olhem aqui. E aqui.  Segundo as estatísticas comparadas mundiais, os piores países são os Africanos, não os do Oriente Médio. Não que uma coisa justifique a outra, é só uma questão do tamanho do problema não ser da forma como ela pinta.

Então, o que quero apontar especificamente é que o livro é muito voltado para o público árabe, sendo pouco aproveitado por pessoas de fora que não consigam contextualizar o seu conteúdo. O que pode ser um desserviço nesses tempos de islamofobia. Não que ela só ataque o Islã, não mesmo, ela ataca tudo quanto é religião, sendo muito igualitária nesse sentido.

Mas o livro tem coisas positivas. Todos os seus capítulos são divididos em três partes, uma poesia, uma espécie de caso pessoal e um texto mais completo. As poesias me agradaram muito, se não me engano só teve uma que eu não curti. Portanto, na média é um livro mediano.

Nota 7.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua opinião/crítica/comentário: