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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Life in motion


SPOILER FREE

Para quem não acompanha o mundo do balé clássico, Misty Copeland é atualmente a bailarina clássica negra mais famosa nos EUA. O fato dela ter conseguido chegar ao posto de bailarina principal do American Ballet Theatre sendo negra já fala por si só a respeito da qualidade do seu trabalho. O fato dela ter conseguido fazer isso tendo um corpo fora do padrão do balé clássico e ainda por cima só ter sido iniciada ao balé aos 12 anos de idade mostra o quão excepcional é a Misty.


Sabendo disso, eu já sou fã dela há algum tempo, e nem pensei duas vezes quando vi a sua autobiografia na Amazon, que em seguida entrou na wishlist e depois foi comprada em promoção.

O livro aparentemente foi escrito sem apoio de um ghost writer, e a história pessoal de Misty, que veio de uma infância pobre e complicada, é feita sob medida para levar às lágrimas. Junte a isso todas as superações raciais e dificuldades físicas/raciais e machucados inerentes à prática do balé clássico e você tem um livro armadilha pronto sem precisar de muitas palavras.

Por todas essas questões, Misty como bailarina é absolutamente irrepreensível e intocável. Mas como escritora... acho que ela devia ter pedido o apoio de um ghost writer. Não para tornar a história mais tocante, definitivamente não precisa disso, mas porque ela foi cuidadosa demais em alguns aspectos.


Entendo que como uma bailarina ainda na ativa, Misty Copeland precisa ter cuidado e ser bastante diplomática para não perder a sua posição. Mas o seu livro muitas vezes parece mais propaganda institucional ou pessoal de seus superiores e de onde ela trabalha do que uma autobiografia. Diferente de livro do Kenny Pearl, por exemplo, onde o autor foi generoso em seus relatos, Misty cai muito mais no puxa-saquismo do que na generosidade.

Ou isso ou ela tem uma sorte tremenda de só trabalhar com pessoas perfeitas.

E ela estende esse padrão não só para o pessoal do balé, mas também para sua família, amigos, professores, amantes e até o Prince. Sim, o Prince cantor, com quem ela trabalhou em mais de uma ocasião.

Sabe a música do Chico Buarque sobre a bailarina? O livro dela só tem gente assim.


O que de certa forma faz sentido, mas não deixa de ser uma pena.

Nota 7.

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