SPOILER FREE
O Desafio Literário Popoca de março, que tem como tema autores orientais, começou muito bem e de forma muito multicultural para mim. Escolhi como primeiro livro o aclamado A girl like that, da indiana criada na Arábia Saudita e no Canadá Tanaz Bathena. O livro ainda não foi traduzido para o português, mas, para quem prefere, tem em espanhol.
A autora tira um grande proveito da sua própria história multicultural e traz um enredo fascinante, apesar de absurdamente triste. Em A girl like that o leitor acompanha de forma não cronológica a história de Zarin Wadia, uma jovem de 16 anos que vive em Jeddah na Arábia Saudita. Como a autora, Zarin nasceu na Índia, de mãe zoroastra e pai indiano, o que a marca como alguém que não se encaixa nem numa cultura e nem na outra. Órfã desde pequena, ela é criada pelos tios zoroastras, que arranjam emprego no país árabe.
Como a Arábia Saudita é um dos países mais bizarros em termos de regras sociais do mundo, dizer que Zarin tem dificuldades para se encaixar nessa sociedade é no mínimo redundante. Ela não só sofre com as questões da sua própria família, que tem dificuldade de aceitá-la, como também sofre com as limitações sociais da sua escola, se tornando uma jovem de pouquíssimos amigos.
O livro abre com o acidente de carro que mata Zarin junto com outro jovem, Porus, que também é de origem indiana, porém eles não são parentes, o que por si só já é um grande escândalo na sociedade saudita. Por que os dois estavam juntos? Como se conheciam? Seriam namorados? Essas e outras perguntas são feitas pelos os que conheciam Zarin, como suas colegas de turma, que apesar da proximidade, nunca realmente conheceram a jovem.
É um enredo muito rico. A autora conseguiu misturar culturas e retrata-las de forma impecável. Ouso dizer que é um dos melhores livros de 2020 para mim, de tanto que gostei. Recomendo muitíssimo a leitura.
Nota 10!
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