Pesquisar este blog

sábado, 26 de janeiro de 2019

a máquina de fazer espanhóis



SPOILER FREE

Valter Hugo Mãe é um dos expoentes da literatura portuguesa. Vencedor de diversos prêmios e elogiado pelo próprio vencedor do Nobel Saramago, seu trabalho na maioria das vezes me agrada muitíssimo.

Claro que todo grande autor tem também seus altos e baixos, e depois de ler um livro de poesia do Valter que eu confesso que não gostei, preciso dizer que foi um alívio ler a máquina de fazer espanhóis.

O forte do autor português está justamente no tipo de livro que a máquina é, uma mistura de prosa poética com reflexões sobre a vida. Com uma história como meio para fazer essas coisas, claro.

a máquina de fazer espanhóis traz a história de Silva, um senhor de mais de 80 anos que, após a morte da esposa, acaba sendo internado por seus filhos num lar para terceira idade. Com passagens absolutamente brilhantes sobre a velhice, solidão e motivos para viver, Valter Hugo Mãe mostra o quão bom autor ele é capaz de ser.

Esse foi um dos melhores livros que já li do autor e isso não é pouca coisa. Recomendadíssimo.

Nota 10.



You and Yours



SPOILER FREE

Quando li pela primeira vez algo da autora Naomi Shihab Nye eu fiquei muito impressionada com o seu trabalho e decidi procurar algo mais oriental dela. E consegui encontrar isso em You & Yours.

Esse livro de poesia premiado em 2005 é um senhor soco no estômago dos americanos pós início da guerra do Iraque. Boa parte dos poemas de Naomi nesse volume tratam de questões relacionadas às guerras iniciadas pelo Bush, incluindo temas como xenofobia.

Como descendente de palestinos, Naomi também trata com carinho desse tema, em textos bastante tocantes sobre a situação da Palestina e até mesmo de porque alguém se torna terrorista. Aliás, uma das minhas citações favoritas desse livro:

Suicide bombers, those tragic people driven insane by oppression, do not come out of vacuums. They come out of demolished homes. They saw their fathers blindfolded, hauled off to prison in buses. They saw their friends gassed by poison, blown up, intestines strewn in the dust. Their mothers wailing and bloody.

Homens bomba, essas pessoas trágicas enlouquecidas pela opressão, não surgiram do vácuo. Eles vieram de casas demolidas. Eles viram seus pais serem vendados, levados para prisões em ônibus. Eles viram seus amigos sendo mortos por gases venenosos, explodidos, intestinos jogados na poeira. Suas mães chorando em desespero e sujas de sangue. (tradução livre minha)

Definitivamente o livro merece os prêmios que recebeu e fico muito satisfeita de ter procurado mais trabalhos da autora, que agora quero ler ainda mais!

Nota 10.

Instructions - Instruções



SPOILER FREE

Quem frequenta o meu blog sabe do meu amor incondicional ao trabalho do inglês Neil Gaiman. Para mim ele é um dos escritores mais versáteis da atualidade, com graphic novels, contos, novelas, livros infantis, infantojuvenis, young adult e para adultos. Seus trabalhos já viraram programa de rádio, filme, desenho animado e série de TV. Aliás, ele também já escreveu roteiros para essas coisas também.

Apesar de estar ainda na meia idade, seu trabalho é bastante extenso. E por ser muito famoso, às vezes me parece que a galera tenta produzir qualquer coisa nova com o nome dele para ganhar dinheiro. Instruções parece que vai entrar nessa lista de coisas.

A questão é que o texto não me pareceu ser feito exatamente para o livro. É uma poesia do Gaiman, linda, é verdade, mas ela na verdade foi feita para compor outros livros do autor. Como podemos ver na belíssima leitura do próprio aqui embaixo:



As ilustrações do Charles Vess são bonitas. Isso também não está em questão.

O problema é que o texto não foi feito para ser apresentado assim e isso ficou transparente ao longo da leitura para mim. Ficou com cara de: olha que texto legal! Vamos incluir numa coletânea. Agora vamos incluir em outra. Agora vamos fazer uma versão ilustrada! E dá-lhe formas de arrancar dinheiro dos fãs.

Vale apenas para introduzir crianças ao trabalho do autor, mas tem que lembrar que nem toda criança gosta desse tipo de texto. E o trabalho para crianças do Neil Gaiman tem coisas bem mais interessantes que isso.

Nota 8.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Life in motion


SPOILER FREE

Para quem não acompanha o mundo do balé clássico, Misty Copeland é atualmente a bailarina clássica negra mais famosa nos EUA. O fato dela ter conseguido chegar ao posto de bailarina principal do American Ballet Theatre sendo negra já fala por si só a respeito da qualidade do seu trabalho. O fato dela ter conseguido fazer isso tendo um corpo fora do padrão do balé clássico e ainda por cima só ter sido iniciada ao balé aos 12 anos de idade mostra o quão excepcional é a Misty.


Sabendo disso, eu já sou fã dela há algum tempo, e nem pensei duas vezes quando vi a sua autobiografia na Amazon, que em seguida entrou na wishlist e depois foi comprada em promoção.

O livro aparentemente foi escrito sem apoio de um ghost writer, e a história pessoal de Misty, que veio de uma infância pobre e complicada, é feita sob medida para levar às lágrimas. Junte a isso todas as superações raciais e dificuldades físicas/raciais e machucados inerentes à prática do balé clássico e você tem um livro armadilha pronto sem precisar de muitas palavras.

Por todas essas questões, Misty como bailarina é absolutamente irrepreensível e intocável. Mas como escritora... acho que ela devia ter pedido o apoio de um ghost writer. Não para tornar a história mais tocante, definitivamente não precisa disso, mas porque ela foi cuidadosa demais em alguns aspectos.


Entendo que como uma bailarina ainda na ativa, Misty Copeland precisa ter cuidado e ser bastante diplomática para não perder a sua posição. Mas o seu livro muitas vezes parece mais propaganda institucional ou pessoal de seus superiores e de onde ela trabalha do que uma autobiografia. Diferente de livro do Kenny Pearl, por exemplo, onde o autor foi generoso em seus relatos, Misty cai muito mais no puxa-saquismo do que na generosidade.

Ou isso ou ela tem uma sorte tremenda de só trabalhar com pessoas perfeitas.

E ela estende esse padrão não só para o pessoal do balé, mas também para sua família, amigos, professores, amantes e até o Prince. Sim, o Prince cantor, com quem ela trabalhou em mais de uma ocasião.

Sabe a música do Chico Buarque sobre a bailarina? O livro dela só tem gente assim.


O que de certa forma faz sentido, mas não deixa de ser uma pena.

Nota 7.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O Livro da Morte (Deuses de Dois Mundos #3)

SPOILER FREE

Depois de um primeiro livro bastante original e relevante dentro da literatura brasileira fantástica, P.J. Pereira resvalou num segundo volume extremamente machista. E agora no último livro da trilogia Deuses de Dois Mundos ele fez um merecido acerto de contas.

É muito engraçado ler um livro onde o prefácio explica a estrutura do que você vai ler. Isso porque a estrutura é realmente fora do comum, com as duas histórias paralelas dos livros anteriores sendo contadas em sentidos opostos. A história da mitologia no Orum continua do ponto onde terminou o segundo livro e segue uma linha temporal normal, por assim dizer, enquanto a história de New passa a ser contada de trás para frente.

P.J. Pereira resolveu fazer outras alterações também. Além da forma meio inversa de contar a história, o autor trocou os emails por um blog. Confesso que não entendi muito bem a razão de ser disso, porque não fez tanta diferença em termos narrativos, só precisou de explicações extras de como alguém escreve um blog para só uma outra pessoa ler. Mas como escritora de um blog talvez eu esteja um pouco apressada no meu julgamento nesse caso.

Mas de todas as alterações que o autor trouxe para o último volume da saga, a mais importante é o ponto de vista das mulheres em toda a história/mitologia. Confesso que me senti bem menos pior com relação ao segundo livro ao ler o posfácio do autor, onde ele chega a questionar a falta de críticas ao excesso de machismo do segundo volume. E fiquei pensando em quais críticas ele leu e quem as fez, porque esse excesso era absurdamente óbvio e difícil de engolir. Menos mal porque o autor fez isso de propósito?

Vejamos, toda a questão é que a princípio o terceiro livro deveria escancarar essa situação e de alguma forma apontar o erro e corrigi-lo. Até que ponto isso realmente funcionou?

O Livro da Morte consegue de alguma forma apontar os absurdos dos volumes anteriores, mas, não sei, apesar de ser bem mais equilibrado e interessante nesse sentido, não acho que ele tenha atingido de todo o seu objetivo. As questões do personagem New se mantiveram quase que totalmente inalteradas, por exemplo. Ele continua sendo um personagem absurdamente misógino e sem qualidades que o redimam, porque ele só se mexe quando fica ferrado.

As orixás no Orum se tornam, sim, mais interessantes e profundas. Suas causas ficam melhor explicadas e todo o desequilíbrio entre os e as orixás bem mais aparente, o que dá razão às mulheres se você acreditar que elas devem estar no mesmo pé de igualdade. Toda a questão é que não há uma única defesa dessa igualdade como sendo o correto ou melhor. É tudo levado na onda do sempre foi assim e as orixás sempre tentaram mudar. Me parece que faltou convicção.

Melhor que o segundo volume e bom suficiente para eu não perder as esperanças para ler outras obras do autor, mas no geral...

Nota 8.

domingo, 13 de janeiro de 2019

O livro da traição (Deuses de Dois Mundos #2)



SPOILER FREE

Sabe aquela sensação de sair de novo com uma pessoa que você achou o máximo no primeiro encontro, mas aí você começa a perceber os defeitos? Essa foi a minha sensação com o segundo volume de Deuses de dois mundos.

Enquanto O Livro do Silêncio é muito legal por causa do frescor do tema e uma boa escrita, O Livro da Traição simplesmente soou um tanto machista demais. O personagem principal, New, não é mais cativante, é só um cara machista e sem escrúpulos. Confesso que no meio do livro eu comecei a torcer pelas vilãs da história. Ah sim, todas as vilãs são mulheres.

Não sei dizer se isso é culpa apenas do autor ou se a mitologia que ele está usando para criar a história também é machista (isso é sempre um risco...). Mas independentemente disso, a forma como a história é contada pode evidenciar mais ou menos isso, e J.P. Pereira decidiu escrachar de vez. Não foi uma boa escolha na minha opinião.

Veja bem, eu não tenho problemas com anti-heróis, aqueles personagens complexos, que não são 100% bonzinhos nem 100% maus. Eles podem até chegar mais perto do 100% maus. Mas bons anti-heróis tem características que te fazem gostar deles, ou então compreender suas ações (às vezes até concordar!), ou serem simplesmente tão charmosos que não tem como não gostar.

Mas New não tem nada que o redima. Absolutamente nada. É só um cara machista que acha que pode fazer o que quiser e vai conseguir se safar.

Pelo menos a parte mitológica da história é menos ruim. Menos ruim porque, apesar de machista também, os personagens são interessantes e a história é legal e você quer saber o que vai acontecer.

Vou ler o terceiro volume mais por curiosidade do que por gosto. Ah, e não acredite que dá para ler um livro dessa trilogia ser ler os outros. Isso é coisa do marketing querendo vender os outros volumes para quem não leu o primeiro.

Nota 5.

Clean Room, Vol. 3: Waiting for the Stars to Fall - Sala Imaculada vol 3 - Esperando pelas estrelas despencarem


SPOILER FREE

Depois de um primeiro volume confuso mas instigante, seguido de um segundo volume bom mas com alguns problemas, Sala Imaculada fecha com um terceiro volume fabuloso!

É até difícil escrever... O final da série é simplesmente apoteótico! Com direito a mais bizarrices e violência que os volumes anteriores, o que eu não achava que fosse possível, mas Gail Simone me provou errada. Ainda bem, sem esses elementos a história ficaria sem tanto poder de choque.


Porque é isso que Sala Imaculada faz, deixa o leitor chocado. Quando você acha que entendeu tudo surge uma reviravolta e te deixa de queixo caído. Uma salva de palmas para Gail Simone.

E ela consegue essa façanha mantendo a importância das personagens femininas com direito a vingancinha contra homens misóginos e homofobia. Só para acrescentar ao amor que eu já sentia.


Ultrapassou minhas expectativas ao longo da série.

Nota 9,5.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Clean Room, Vol. 2: Exile - Sala Imaculada vol 2 - Exílio

SPOILER FREE

Não é porque o Desafio Literário Popoca de janeiro é sobre o primeiro livro de uma série que vou me limitar apenas a isso. Faço ainda melhor, aproveito e leio a série completa, claro!

Nessa continuação de Sala Imaculada, a autora Gail Simone começa a mostrar a que veio com sua história pesada sobre a verdadeira realidade do mundo!


O segundo volume, Exílio, consegue ser mais opressivo do que o primeiro. A questão é que no primeiro livro da série o leitor ainda não entendeu o que está acontecendo direito, enquanto aqui a ficha começa a cair e, gente, que coisa mais apavorante.

Sala Imaculada se revela aquele tipo de história de dar pesadelos, mas que você não consegue parar de ler para ver onde ela vai acabar. Se o primeiro livro é violento, esse aqui é ainda pior. É definitivamente viciante.


Mas não necessariamente isso é bom. A história tem lá os seus furos, e, talvez por originalmente a série ser publicada em capítulos menores, tem um quê de repetição de falas que serve para lembrar o leitor que compra mensalmente a história o porquê de algumas coisas. Só que isso não funciona bem quando você junta tudo.

A minha sensação é que a história é melhor do que Gail Simone foi capaz de contar. Ficou bom, mas deixa a desejar.

Nota 8,5.

Clean Room, Vol. 1: Immaculate Conception - Sala Imaculada vol 1 - Concepção imaculada

SPOILER FREE

Como não podia deixar de ser, resolvi ler mais de um livro para o tema do Desafio Literário Popoca nesse início de ano. Nada como começar o ano com o pé direito! Para quem não lembra, o tema de janeiro é o primeiro livro de uma série.

Sala Imaculada, Clean Room no original, é uma série razoavelmente curta, que foi reunida em apenas 3 volumes, cada um com seis episódios que começaram a sair no Brasil em novembro de 2017 (o último volume foi publicado em julho/2018). Da veterana dos quadrinhos Gail Simone, a história é uma distopia com componentes sobrenaturais e alienígenas. E eu juro que funciona.


O primeiro volume apresenta as personagens principais, quase todas mulheres com ocasionais aparições de homens importantes, mas sempre em papel secundário. Como o enredo é um tanto quanto complexo, esse primeiro livro ficou um pouco confuso. Mas não podemos descartar a possibilidade da confusão ser intencional, dada a ambientação de mistério em torno da trama e de uma espécie de igreja da nova era, Fundação Mundo Sincero (essas igrejas estilo nova era costumam ser confusas para mim).


Dadas essas considerações, Sala Imaculada é uma história interessante e eu não consegui pausar entre um volume e outro. A beleza estética dos quadrinhos também ajudaram nesse quesito. Mas como a maior parte dos primeiros volumes de séries em quadrinhos, ele não é genial. Mas é bom o suficiente para te deixar com vontade de continuar lendo, que é objetivo principal.

Nota 8.

O livro do silêncio - Deuses de dois mundos, #1


SPOILER FREE

Começando o ano já firme e forte no Desafio Literário Popoca, selecionei um dos livros da lista de indicados e que, ainda por cima, é de um autor brasileiro falando de orixás! O livro do silêncio é o primeiro da série Deuses de dois mundos, do publicitário e roteirista P.J. Pereira, que chegou a lista dos mais vendidos no ano do seu lançamento, em 2015.

Preciso dizer que não tentarei julgar a qualidade da pesquisa do branco P.J. Pereira com relação aos mitos de origem africana dos Orixás, até porque desconheço profundamente o assunto. Só torço para que eu não esteja aprendendo nada de errado com os livros dele.

Nesse sentido, muitos poderiam já apontar uma certa apropriação cultural, e podem não estar completamente errados, apesar de que no Brasil uma quantidade razoável de brancos seguem e frequentam os centros de religiões de matriz africana. A parte tranquila do livro com relação a isso é que o autor foi bastante sábio e não incluiu personagens obviamente negros no enredo (com exceção dos deuses africanos, claro), o que o exime da armadilha mais óbvia de apropriação cultural e falsa representação.

Independentemente disso, é bom termos na literatura nacional um livro de teor sobrenatural com um fundo de matriz africana. Acho importante. Só podia ser melhor se o autor fosse negro.

Então, sem considerar esses pontos, que não tenho posição nenhuma para julgar, o livro do carioca é sim, bem escrito. A história é contada de forma alternada, entre o mito da luta dos orixás e o mundo atual, onde temos um provável alterego, o publicitário Newton, que se vê envolvido numa trama sobrenatural e procura ajuda na internet para entender o que aconteceu com ele. Enquanto a parte mítica da história é contada de forma mais clássica, a história de Newton é narrada através de emails que a personagem envia para um desconhecido que prometeu conseguir explicar tudo o que aconteceu e que ele não consegue lembrar ou entender.

A alternância entre essas histórias torna o livro bastante dinâmico e divertido, e P.J. Pereira foi bastante cuidadoso e habilidoso nas trocas narrativas. Se a parte mitológica estiver bem pesquisada, imagino que a leitura seja menos interessante para quem entende do assunto, mas esse não foi o meu caso e o estilo do autor torna o mito bastante acessível e prazeroso de ler.

Pessoalmente, como leitora pouco assídua de literatura brasileira, uma das graças do livro foi justamente ler sobre coisas familiares (a história se passa em São Paulo) e personagens fáceis de se identificar (com exceções, claro). Mas não posso desmerecer a prosa, que me agradou por ser bastante jovem e descontraída.

Mas nem tudo são flores. Apesar do prefácio do terceiro livro da série afirmar que os livros podem ser lidos separadamente, isso não é verdade com relação ao primeiro e segundo volumes. O livro do silêncio tem um gancho daqueles que não dá para ignorar. Então fica a dica, leia o primeiro livro já tendo o segundo em mãos, para garantir uma leitura sem estresse, assim como P.J. Pereira tem o seu lugar garantido no inferno dos autores que deixam ganchos em seus livros.

Nota 8,5.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Desafio Literário 2019



2018 não foi um ano fácil para muita gente, eu inclusive. Mas 2019 também promete ser igualmente ou até mais difícil.

Como leitora compulsiva, uma das minhas formas de lidar com momentos muito difíceis é ler, ler muito. 

Então, em 2019 decidi participar de não só de um, mas de dois desafios literários!

Confesso que uma das razões para isso não é só porque acho que terei um ano complicado me aguardando, mas também porque ajudei a montar um desses desafios. (puro orgulho!)

E já que ando muito na vibe vamos ver o que vai acontecer e agir de acordo, esse ano não pretendo montar um lista prévia de leituras. Já tenho livros demais na minha lista de livros para ler, então pretendo escolher livros dessa lista de acordo com os temas.

Então vamos lá!

Os Desafios Literários que seguirei esse ano são: 

Desafio Literário Popoca - criado por mim e alguns amigos de longa data
Desafio Literário Corujesco - desafio que faço há alguns anos e não pretendo abandonar só porque criei um também

Agora vamos aos temas!!!

JANEIRO
Popoca: primeiro livro de uma série
Corujesco: tema livre 
Janeiro vai ser um mês super light, temas incrivelmente fáceis! Aliás, já li dois. Aguardem as resenhas.

FEVEREIRO
Popoca: livro com uma festa na história como um momento marcante
Corujesco: um clássico brasileiro
Confesso que ainda não decidi o que vou ler. Deixa chegar mais perto...

MARÇO
Popoca: livro escrito por uma mulher que tenha uma personagem principal guerreira
Corujesco: um livro sobre música
Considerando a minha biblioteca lotada de coisas sobre música árabe e com maravilhosas autoras mulheres, estou prevendo que vai ser um mês tranquilo de encontrar títulos

ABRIL 
Popoca: livros com comida como algo importante para o plot
Corujesco: um livro com adaptação a ser lançada em 2019
Hum... esses são temas menos óbvios, ainda bem que tenho alguns meses para pensar

MAIO
Popoca: livros com um casamento na história como algo importante
Corujesco: livro com um protagonista anti-herói ou vilão
Fácil! É só pegar um desses livros de releitura de contos de fadas do ponto de vista da vilã, mata os dois temas com um só livro, porque sempre tem um casamento...

JUNHO
Popoca: livro com um mês ou a palavra mês no nome
Corujesco: uma obra latino-americana
O tema do Popoca vai ser resolvido com uma busca na minha biblioteca do kindle! E o corujesco... bom, não falta livro de autores latino-americanos na minha lista de livros para ler

JULHO
Popoca: Graphic Novel
Corujesco: um livro ambientado nos anos 20
O tema do Popoca vai ser muito fácil, já o corujesco vai demandar um pouco mais de pesquisa.

AGOSTO
Popoca: livros sobre desgraças, distopias e desgostos
Corujesco: um livro com personagens que não sejam humanos
Dois temas razoavelmente fáceis de se encontrar, com algum esforço dá até para fazer um dois em um.

SETEMBRO
Popoca: um livro lançado no ano que você nasceu
Corujesco: um livro escrito por alguém até 30 anos
Ainda bem que hoje temos tantas ferramentas de busca! Vou precisar para encontrar livros lançados em 1982. Já o livro escrito por alguém de até 30 anos... do jeito que hoje em dia tem adolescente publicando coisas vai ser moleza.

OUTUBRO 
Popoca: livros sobre fantasias, monstros e fadas
Corujesco: uma releitura
O que mais tenho é livro de fantasia, não vai ser um problema. Já a releitura... tenho algumas releituras de contos de fadas na minha lista de livros para ler.

NOVEMBRO 
Popoca: livros de autores negros
Corujesco: um livro escrito a quatro mãos
Ainda bem que tenho comprado livros de autoras negras, não vai ser um problema. Já livros escritos a quatro mãos... confesso que não tenho muitos para escolher, vai ser no esquema ler o que tiver disponível!

DEZEMBRO
Popoca: livro que se passe no Natal ou seja relacionado ao Natal
Corujesco: tema livre 
Confesso que quando montei o desafio do Popoca eu escolhi esse tema de propósito, porque eu gosto de ler livros desse tema em dezembro, então, vai ser moleza! Até porque ninguém merece se descabelar no final do ano, já basta o final do ano!

Independentemente dos temas, uma coisa que pretendo fazer esse ano é ler mais livros físicos. Mas não sei o quanto conseguirei cumprir dessa meta... vamos ver até o final do ano!

E foi iniciada a corrida!

Just Give Me a Cool Drink of Water 'fore I Diiie: Poems



SPOILER FREE

Quem frequenta o blog sabe que eu tenho lido poesia com alguma frequência, e que Maya Angelou foi descoberta e amada no ano passado. Desde então eu tenho colecionado alguns livros dela no kindle, e eles só não foram rapidamente devorados porque a lista de livros para ler só cresce.

Just Give Me a Cool Drink of Water 'fore I Diiie: Poems é um dos livros mais antigos da autora americana, e a primeira coletânea de poemas dela, publicado originalmente em 1971. Esses são detalhes importantes, porque apesar do livro ser maravilhoso, não é tão bom quanto Letter to my daughter. Acredito que seja uma questão de amadurecimento da Maya como poetisa.

A data da publicação também é importante, porque o livro é bastante político e carregado de mensagens da luta pelos direitos civis dos negros nos EUA entre os anos 60 e 70. Por mais que esse seja um tema recorrente em todo o trabalho de Maya Angelou, esse livro me pareceu um pouco mais contundente.

No final das contas, acredito que tenha sido mais uma questão de expectativa minha do que de algo relacionado à autora, porque eu esperava uma coisa muito mais sublime, e o livro é "só bom". Como se isso fosse um defeito, ha.

Mas definitivamente não é o auge do trabalho dela.

Nota 9.

Crafting A Daily Practice

 
 
SPOILER FREE
 
Essa autora eu descobri meio que por acaso pela Amazon, ela escreve romances e livros esotéricos (na linha Wicca mais ou menos). Coisas estranhas que aparecem por aí e de repente a gente se anima, sabe?

Então, ainda não li nenhum romance dela, mas eles são bem cotados na Amazon americana, e por curiosidade, e porque o conteúdo me pareceu interessante, acabei comprando esse aqui.

Crafting a daily practice promete uma espécie de curso express sobre como criar e manter uma prática espiritual diária. Como eu bem gosto desse tipo de coisa resolvi ver qualé a do livro. E ele entrega exatamente o que promete.

O livro é extremamente curtinho e resumido, o que é interessante na hora de colocar em prática as ideias propostas. As ideias também são interessantes e eu gostei especialmente de algumas meditações sugeridas pela autora.

Mas, sempre tem um mas, ao ler o livro descobri que a T. Thorn Coyle tem outro livro sobre o mesmo assunto, e o outro livro parece ser bem mais completo e profundo. O outro livro em questão é citado com tanta precisão que vem até a localização do kindle dos capítulos sugeridos como leitura complementar.

Detalhe: essas leituras complementares incluem apenas esse outro livro da autora, não tem nenhuma indicação de outras leituras.
Confesso que achei uma afronta.

Compensada pelo fato que curti bastante o livro de forma geral. Tanto que já procurei o tal outro livro e coloquei na minha wishlist para esperar ele entrar em promoção. Eu passo vergonha, mas sou sincera.

Nota 8,5.