SPOILER FREE
Depois de
ler a genial Série Napolitana da italiana Elena Ferrante, fiquei de olho
nos demais livros da autora que ninguém sabe quem é. Sim, Elena
Ferrante é um pseudônimo, e a autora, espertamente, raramente concede
entrevistas e há anos se especula sua verdadeira identidade. Quem diria
que isso ainda era possível nos dias de hoje?
A Filha
Perdida foi publicado quase 6 anos antes do primeiro livro da Série
Napolitana, e antes do sucesso da autora não era badalado. Peguei para
ler simplesmente porque me apaixonei pelo trabalho da Elena Ferrante
depois de ler A Amiga Genial.
A primeira coisa que reparei é
que apesar de não ser o mesmo livro, parece ser o mesmo livro. A
sensação de ler A Filha Perdida foi muito estranha, no sentido que
parecia que eu estava relendo a Série Napolitana, só que de uma forma
meio chata e sem graça. Claro que a história não é a mesma, as
personagens são todas diferentes, mas ao mesmo tempo parecia ser a mesma
coisa.
Não sei se é uma questão de estilo, algo como
Saramago, em que você bate o olho e sabe que o texto é dele. Pode ser
que seja, mas me pareceu algo mais na linha a autora só escreve na
perspectiva de mulheres que gostam de remoer seus próprios sentimentos
ad infinitum. Só que ao invés de ser interessante e instigante como no
caso da história de Elena e Lila, aqui só me pareceu um tanto chato e
exagerado.
Não é um livro ruim, veja bem, ele só tem outro
peso e andamento que a Série Napolitana. A Filha Perdida é bem mais
soturno, taciturno e melancólico, com uma tendência a exagerar nos
floreios e autoanálises da personagem narradora, uma mulher de quarenta e
poucos, divorciada e cujas filhas já saíram de casa. A história é
basicamente as férias que ela decide passar na praia.
Para
mim faltou o brilho e o frescor da história de Elena e Lila. Foi como
rever um filme só que fora de foco e com cores desbotadas. Talvez seja
uma questão de amadurecimento da autora, afinal, ela lançou esse livro
antes do seu grande e premiado sucesso. É muito triste escrever uma
resenha dessas para Elena Ferrante, mas eu sou sincera.
Nota 7.
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